sábado, 30 de outubro de 2010

Resenha: Controladoria na Coordenação dos Sistemas de Gestão (Lunkes, Schnorrenberger)


  Achei este um dos melhores trabalhos sobre controladoria que já tive acesso até hoje. É com grande competência que os autores traçam as premissas e questionamentos que permeiam a área de controladoria atualmente. Mostra que, embora ainda não haja uma defininção universal da função do controller, é indispensável que exista esta área de controladoria dentro das empresas, participando desde o planejamento estratégico até o controle operacional.
    O controller deve ter a habilidade de traduzir o plano estratégico em medidas operacionais e administrativas.
    "Se quisermos uma organização criativa e inovadora, precisamos contratar, promover e trabalhar com quem estejamos pouco à vontade."
   "As variáveis do processo envolvem, primeiramente, a descoberta de um problema de controle, que pode estar relacionado à expectativa de que possa ocorrer uma diferença entre a forma desejada e a real. Qualquer atuação sobre os objetos de controle implica em custos, portanto, deve-se avaliar a importância por meio da utilização, principalmente, da análise de pontos fracos, análise ABC, análise de sensibilidade, simulações e técnicas de rede."
 "A eficiência do sistema de informações é dependente da coordenação da estrutura do sistema contábil. Se ele não for desenvolvido, principalmente seu plano de contas com as segmentações necessárias, dificilmente a organização terá informações adequadas e no tempo certo para o processo de tomada de decisões."
 "Naturamente, o processo de identificar os responsáveis e as contribuições esperadas de cada área deve estar casado com a definição dos recursos necessários. Ou seja, para que uma área possa atender ao conjunto de expectativas que lhe serão cobradas, ela demandará suporte financeiro, humano ou outro qualquer. Essas regras devem ficar claras e bem definidas."
 "A busca de uma nova forma de remuneração, que alinhe a estratégia ao desempenho organizacional, é necessária em ambientes competitivos. E a remuneração por competências surge como importante ferramente para estimulá-la."
 "O processo orçamentário tem ínúmeros propósitos, como auxiliar no planejamento, na comunicação e coordenação, alocação de recursos, gerenciamento do desempenho financeiro e operacional, evolução e controle do desempenho e base para incentivos e remuneração variável".
 "Entre as principais atividades da controladoria está a disseminação das informações aos tomadores de decisão. Para saber quando, quais, como e por que as informações devem ser disseminadas pelo sistema de informação, é preciso conhecer a demanda para a efetiva tomada de decisão."


   Esta obra deixa claro uma verdade no mundo atual: a informação é o bem mais valioso, e o controller é o profissional com capacidade para lapidar esta informação e transformá-la numa obra de arte, que possui o poder de conduzir às organizações ao sucesso. 

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Micro e Pequenas empresas terão quase R$ 800 milhões em recursos para projetos de inovação

   A partir de janeiro de 2011, as micro e pequenas empresas dispostas a investir em inovação, contarão com R$ 787 milhões do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O dinheiro é para subsidiar projetos que incentivem a competitividade e o desenvolvimento sustentável das empresas, reduzindo desperdícios, aumentando a produtividade e a segurança dos funcionários.
     Segundo o Sebrae, o programa atuará em cinco linhas: serviço tecnológico básico para empresas que estão começando e precisam fazer mudanças em seu processo; serviço tecnológico avançado para empresas que precisam de um trabalho mais detalhado; o Sebraetec Inovação, que vai às empresas prestar consultoria para resolver os gargalos de inovação; o Sebraetec Inova, específico para empresas que pretendem desenvolver produtos novos; e a Indicação Geográfica, para empresas que possuem produtos regionais que, por serem exclusivos, agregam valor.
  A meta do programa é atingir 48 mil empreendimentos em três anos. As linhas de serviços tecnológicos básicos e avançados podem ser usadas automaticamente. As demais terão três editais que serão lançados a partir de janeiro. Os subsídios vão de R$ 5 mil a R$ 300 mil.
   O presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, afirmou que o objetivo principal do programa é fazer com que as empresas brasileiras passem a ter a cultura da inovação. "Nós precisamos construir produtos e serviços para atender tanto a demanda do mercado interno quanto do externo. Só vamos fazer isso se criarmos esse espírito no nosso setor empresarial".
 (...) "Nós passamos um bom tempo sem o país crescer, então as pessoas tinham seu negócio e não tinham concorrência. Agora, com o país crescendo e aberto, é preciso empresas competitivas."
   De acordo com o presidente do Sebrae, a cultura da inovação permite que as empresas criem produtos e serviços que atendam a população e podem ser exportados. "Assim podem comprar novas máquinas e deixam de ser micro e pequenas empresas e passam a ser grandes, gerando maior número de empregos".
   Para ter acesso aos programas, o empresário pode consultar um balcão do Sebrae (são mais de 800 em todo o país), consultar o site da entidade ou solicitar uma visita de um agente local de inovação.


 (Agência Brasil)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Desafios do Contador na Adoção dos IFRS

Texto de Paulo Atadaine Sobrinho publicado no Jornal Valor Econômico em 18/10/2010

   O contador tem sua atuação como profissional, quase que, totalmente influenciada  pelo ambiente onde atua. Nesse contexo, podemos observar, no que diz respeito ao processo de convergência aos padrões internacionais de contabilidade (IFRS), sem embargo, a grande vantagem que estão levando, os contadores que prestam serviços às sociedades anônimas de capital aberto, cujo órgão regulador é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
   Esta vantagem decorre do enfoque dado à contabilidade nestas sociedades, ou seja, o usuário da informação contábil. É como numa corrida de cavalos desigual: os jóqueis das sociedades anônimas de capital aberto saem com alguns corpos de vantagem, entenda-se que, a corrida é desigual; desleal, jamais. A afirmação tem como base, alguns trabalhos de comparação da contabilidade praticada no Brasil com as Normas Internacionais de Contabilidade. Os trabalhos citados utilizaram como referência para comparação, em sua maioria, as deliberações da CVM.
    Aos contadores que atuam nas demais sociedades, que, diga-se de passagem, é a esmagadora maioria, os esforços para adequar-se ao novo modelo serão redobrados, isso porque, a contabilidade brasileira sempre teve um enfoque "pró-fisco". Além de ter que assimilar conceitos totalmente novos, os contadores terão que passar por um vasto processo de mudança cultural. Mudar aspectos culturais que estão enraizados em nossas mentes, não é tarefa das mais fáceis. O vinho novo terá que ser colocado em um odre novo. São muitos paradigmas que terão que ser quebrados.
  Durante muitos anos estivemos presos aos grilhões do Regulamento do Imposto de Renda, sem poder questionar seus mandamentos sagrados. A partir da promulgação das Leis nº 11.638, de 2007 e nº 11.941, de 2009 - conversão da Medida Provisória nº 449, de 2008 - e criação do Regime Tributário de Transição (RTT), que separou a contabilidade para fins fiscais da contabilidade para fins societários, tornamo-nos escravos libertos. E agora? O que fazer? Como viver? Como trabalhar? Como processar tantas informações que antes eram processadas por meio de uma cartilha (RIR/99)?
     Por muitos anos, o Conselho Federal de Contabilidade tentou, por meio de diversas resoluções, mostrar aos contadores uma outra face da contabilidade, que em muitos aspectos é diferente da face dada pelo Fisco, mas infelizmente as amarras da legislação fiscal impediam que o contador sequer cogitasse a adoção de qualquer prática diferente da sua cartilha (RIR/99).
    Por fim, com o comodismo que acabou se impondo a maioria da classe contábil, hoje estamos às voltas com um profundo despreparo no que diz respeito ao processo de adoção das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS). Para nossa sorte, é conveniente lembrar que o método das partidas dobradas enunciada na obra do frade franciscano Luca Pacioli, em nada foi alterado, permanece incólume, apesar de seus mais de 500 anos. O cenário dessa grande peça teatral foi bruscamente alterado, mas a obra e seus atores continuam os mesmos.
    Além de todas as mudanças conceituais no processo de reconhecimento, mensuração e divulgação dos fenômenos patrimoniais, o contador ainda encara desafios na compreensão de conceitos da área de TI (tecnologia da Informação), na implantação, supervisão e validação de arquivos digitais (Sped Fiscal, Sped Contábil, Nota Fiscal Eletrônica, e-Lalur, FCont, etc.), sem contar com os desafios de acompanhar diariamente a complexa legislação tributária reinante em nosso país.
      A legislação fiscal, na ânsia de tributar, reduziu a contabilidade a um mero instrumento para atingir seus objetivos. Os esforços do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) para dar à contabilidade o seu verdadeiro significado sempre foram em vão.
     Quando pesquisamos a literatura relacionada à contabilidade internacional produzida em solo brasileiro, podemos observar a tremenda escassez de produção literária ligada a esse assunto. Também temos que levar em consideração o fato de que as normas internacionais de contabilidade estão em constante processo de mudança, em função de uma realidade cada vez mais volátil.
    A grande vantagem das normas internacionais de contabilidade que estão sendo adotadas no Brasil é o fato de se tratar de um conjunto completo de normas, tanto para as sociedades anônimas de capital aberto e sociedades de grande porte - artigo 3º da Lei nº 11.638, de 2007 -. como para pequenas e médias empresas, CPC PME (aprovado pela Resolução CFC nº 1.255, de 2009). Sua adoção deve ser integral, não há espaços para adaptações, ou se adota integralmente ou não. Esse raciocínio vale para todas as empresas brasileiras.
    Num determinado momento dessa história, todos os agentes envolvidos resolveram começar a cumprir os seus verdadeiros papéis. Estamos nos referindo ao governo Federal, à Receita Federal do Brasil, ao Conselho Federal de Contabilidade, aos vários órgãos reguladores. Cabe a cada um de nós, agora, dar a nossa parcela de contribuição ao sucesso dessa grande empreitada, sem esquecer que, em muitos atos, somos os atores principais.

domingo, 10 de outubro de 2010

Características Qualitativas de Informação em Demonstrações Contábeis



COMPREENSIBILIDADE: a informação apresentada em demonstrações contábeis deve ser apresentada de modo a torná-la compreensível por usuários que têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e de contabilidade, e a disposição de estudar a informação com razoável diligência.


RELEVÂNCIA: a informação fornecida em demonstrações contábeis deve ser relevante para as necessidades de decisão dos usuários. A informação tem a qualidade da relevância quando é capaz de influenciar decisões econômicas de usuários, ajudando-os a avaliar acontecimentos passados, presentes e futuros ou confirmando, ou corrigindo, suas avaliações passadas.


MATERIALIDADE: a informação é material - e, portanto tem relevância - se sua omissão ou erro puder influenciar as decisões econômicas de usuários, tomadas com base nas demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho do item ou imprecisão julgada nas circunstâncias de sua omissão ou erro.


CONFIABILIDADE: a informação fornecida nas demonstrações contábeis deve ser confiável. A informação é confiável quando está livre de desvio substancial e viés, e representa aquilo que tem a pretensão de representar ou seria razoável de se esperar que representasse.


PRIMAZIA DA ESSÊNCIA SOBRE A FORMA: transações e outros eventos e condições devem ser contabilizados e apresentados de acordo com sua essência e não meramente sob sua forma legal. Isso aumenta a confiabilidade das demonstrações contábeis.


PRUDÊNCIA: prudência é a inclusão de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas exigidas de acordo com as condições de incerteza, no sentido de que ativos ou receitas não sejam superestimados e passivos ou despesas não sejam subestimados.


INTEGRALIDADE: para ser confiável, a informação constante das demonstrações contábeis deve ser completa, dentro dos limites da materialidade e custo.


COMPARABILIDADE: os usuários devem ser capazes de comparar as demonstrações contábeis da entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências em sua posição patrimonial e financeira e no seu desempenho.


TEMPESTIVIDADE: tempestividade envolve oferecer a informação dentro do tempo de execução da decisão. Se houver atraso injustificado na divulgação da informação, ela pode perder a relevância.



EQUILÍBRIO ENTRE CUSTO E BENEFÍCIO: os benefícios derivados da informação devem exceder o custo de produzi-la, A avaliação dos custos e benefícios é, em essência, um processo de julgamento.




QUESTIONAMENTOS: em meio a esta revolução contábil que estamos vivendo, observo que nas novas regras contábeis que vão em convergência com o padrão internacional, há um elevado grau de subjetividade e julgamento. Percebe-se uma contabilidade voltando-se mais para o foco gerencial, e é com grande aceitação que concordo com algumas das características acima exigidas, como, por exemplo, a comparabilidade, pois todas as empresas, independente do porte, devem fazer uma análise mais profunda de suas demonstrações, comparando com anos anteriores.
 Vejo grandes vantagens nas novas normas contábeis, mas desperto algumas preocupações, entre elas: o excesso de subjetividade das normas podem tornar mais fácil mascarar e manipular um demonstrativo contábil?